1) (Lógos sofias): “...Porque a
um pelo espírito, é dada a palavra da sabedoria...”.(1 Co 12.8 a).
Definição.
A sabedoria é a
capacidade de raciocinar e planejar através do conhecimento e experiências já
adquiridas. O fato de ter sido colocado em primeiro lugar na lista dos dons
espirituais revela sua importância para a Igreja, e infere que os demais dons
devem ser regidos por ela. O dom da palavra da sabedoria se baseia no fato de
que Deus, na sua presciência, tem perante si fatos e ocorrências da Terra e do
Céu, do presente e do futuro, do tempo e da eternidade. Deus é consciente tanto
das coisas que acontecem no presente como das que acontecerão num futuro mui
distante. Esse conhecimento, inclusive infinito, é realmente a expressão da
sabedoria de Deus, que por sua vez é comunicada pelo Espírito Santo a certos
servos de Deus, através do dom da palavra da sabedoria.
“... Dá pela
sabedoria tudo que tens adquirido” (Pv 4.7). Até a ciência, sem sabedoria, pode
tornar-se fanatismo. O uso próprio de todos os outros dons do Espírito depende
do valor que concedemos à palavra da sabedoria. É praticamente um dos maiores
dons, o qual devemos desejar ardentemente.
Podemos concordar que
há pessoas com notáveis dons naturais, mas não há meios de se relacioná-los aos
dons espirituais, pois é o Espírito Santo que habita em corações regenerados
pode distribuí-los.
O apóstolo Paulo
declara que de propósito ele deixava de lado a sabedoria natural, a qual admitiu
que possuía e podia usar, para servir antes como vaso para sabedoria
sobrenatural conf. 1 Co 2.1-4. As palavras de Jesus em Lc 10.21, dirigidas ao
Pai, concordam com isso: “... graças te dou... porque ocultaste essas coisas aos
sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos...”
1. CONSIDERANDO O ASSUNTO, PODEMOS DIVIDIR A SABEDORIA EM TRÊS
NÍVEIS:
1º A
sabedoria humana, que se limita aos interesses dessa vida.
2º A
sabedoria satânica, que é sempre usada com propósitos definitivamente
malignos.
3º A
sabedoria divina, que é empregada objetivando os melhores meios do
engrandecimento do reino de Deus.
2. EXEMPLOS:
a) Esse
dom focaliza a habilidade de compreender e transmitir as coisas mais profundas
do Espírito de Deus. Pode-se esperar, pela própria natureza da palavra da
sabedoria, encontrar este dom nas pessoas apontadas por Deus para as posições de
governar e dirigir as assembleias ou em ofícios ministeriais.
b) De
compreender os mistérios cristãos, como também a capacidade de transmitir aos
outros esse conhecimento. O Senhor fez uma preciosa promessa aos discípulos de
lhes dar uma “boca de sabedoria que seus adversários não poderiam
contradizer” Lc 21.15; veja Lc 12.12.
c)
É provável que esteja em foco também a aplicação da sabedoria à
circunstâncias particulares em que são resolvidos problemas difíceis, mediante a
aplicação da sabedoria espiritual. Nesse sentido Salomão era possuidor desse
Dom. Há dois exemplos evidentes desse fato no ministério de Cristo.
Primeiro: Sua pergunta aos principais sacerdotes acerca do batismo
de João (Mt 21.25); porque seu desafio penetrante não somente serviu como
resposta aos seus adversários, mas estabeleceu claramente a verdade.
Segundo: A sua notável resposta à astuta pergunta acerca de pagar
tributo a César (Mt 22.21), que é tão sábia e plena que ainda causa admiração,
apesar dos séculos.
d) Está
relacionado ao “discernimento intuitivo” nos problemas da Igreja e dos
crentes individuais.
e) É
possível que esse dom se misture com discernimento ou até com a
profecia.
3. HOMENS, QUE
REVELARAM SABEDORIA SOBRENATURAL:
- José, (Gn 41.23-39; At 7.10).
- Salomão, (I Rs 4.29-34).
- Jesus, (Mc 6.2; Lc 2.46,47; Mt 21.22; At 1.2).
- Os doze em sua administração dos problemas das viúvas com a instituição oficial do diaconato (At 6.1-7).
- Paulo, em suas epístolas, que de uma forma sobrenatural são expostas as principais doutrinas do cristianismo etc.
Este dom, portanto, opera
na esfera da pregação, no ensino da Palavra, no governo da Igreja, nas
emergências, nos momentos de conselhos e na escolha de obreiros.
4. SETE COLUNAS DA
SABEDORIA
Em Pv 9.1, nos
diz que “a sabedoria já edificou a sua casa e já lavrou as suas sete
colunas”. Fazendo uma ponte hermenêutica, podemos ver essas sete colunas da
sabedoria em Tg 3.17, são elas:
1a
Pura;
2a
Pacífica;
3a
Moderada;
4a
Tratável;
5a
Cheia de misericórdia e bons frutos;
6a
Sem parcialidade;
7a
Sem hipocrisia.
O texto de Tg
3.13-16, também destaca a outra sabedoria e a classifica como “animal, terrena e
diabólica”.
Uma fração
da sabedoria divina é uma necessidade de todo homem que Deus vai usar
grandemente.
Na
manifestação do dom espiritual da palavra da sabedoria há uma coisa que brilha.
Sente-se a presença divina. Fica-se ciente de uma enunciação superior a todas as
experiências puramente humanas. Fica-se profundamente cônscio de que foi dita a
coisa certíssima e que foi indicado o curso verdadeiro para prosseguir. Não há
desejo de procurar mais, porque o coração descansa na satisfação de já saber a
vontade de Deus. Tais operações do Espírito de Deus dignificam as reuniões para
tratar dos negócios das igrejas, tanto como as reuniões consideradas de natureza
mais espirituais.
Lembramo-nos, como ilustração simples destas coisas nos tempos
modernos, de certa moça na Escócia. Num Domingo quando ia assistir a um culto
que se realizava ocultamente nas matas, foi interceptada pela polícia. Em
resposta às perguntas do guarda, a moça respondeu que ia ouvir a leitura do
testamento de seu irmão mais velho. A polícia deixou-a passar, desejando-lhe
felicidades e que recebesse boa herança.
Segundo Donald Gee,
“o dom de sabedoria quer dizer uma enunciação proferida por operação direta do
Espírito Santo, ocasionalmente, e não um depósito permanente de sabedoria
sobrenatural na pessoa. Os crentes não se tornam represas dessa qualidade de
sabedoria”. [1]
5.
Aplicabilidade do amor à sabedoria.
Podemos encontrar
muitos sábios nesse mundo, que estejam imbuídos pela sabedoria “animal, terrena
e diabólica” (Tg 3.15). Essa sabedoria é competitiva, interesseira e
empanturrada de soberba. Econtramo-las nas Universidades, nos partidos
políticos, nas organizações e onde quer que se manifeste o interesse egoísta e
individualista. Nesse caso, tal sabedoria está totalmente destituída de amor, e
sem amor o exercício da sabedoria constroi mais inimizades e competições
interesseiras. O Apóstolo Tiago adverte que “Se tendes amarga inveja e
sentimento faccioso em vossos corações, não vos glorieis, nem mintais contra a
verdade” (Tg 3.14).
Seria possível
adminstrar a Igreja do Senhor com essa sabedoria mundana descrita por Tiago?
Será que existem Igrejas sendo conduzidas pela sabedoria do mundo, e com
práticas empresariais que não se coadunam com os preceitos exarados nas Sagradas
Escrituras? Se existem, que tipo de crentes está gerando? Que tipo de discípulos
está formando?
Nosso modelo de
sabedoria é exposto com o amor de Deus derramado em nossos corações. O apóstolo
Paulo utiliza-se do advérbio “ainda que”, várias vezes no
texto de 1 Co 13, descrevendo sobre a ênfase do amor em tudo que fizermos, mesmo
no exercício dos dons espirituais. Tomando por base esse “ainda
que” de Paulo podemos visualizar a estrada que nos conduz a excelência
no exercício do amor ágape:
1. Ainda que
tivesse a sabedoria resolver todos os problemas econômicos do mundo, se não
tivesse o amor, nada seria.
2. Ainda que
minha sabedoria fosse um referencial mundial, sem o amor, seria como uma
floresta seca, um oceano sem peixes, ou como um belo automóvel sem
combustível.
3. Ainda que
tivesse a sabedoria para resolver os problemas do Oriente Médio, sem o amor,
seria como um barulho interessante, mas passageiro, assim como um metal que soa
ou um sino que tine.
Quando o amor é o
condutor da sabedoria temos:
·
Humildade (Fp 2.7,8)
·
Espírito de perdão (Jo 8.2-8)
·
Bondade (Gl 5.22).
·
Renúncia (Mt 16.24-26)
·
Comunhão com os irmãos (Atos 2.42)
·
Dependência de Deus em tudo (Mt 26.39).
·
Espírito de servo (Mc 10.45; Rm 1.1). Nosso alvo é servir e não
ser servido.
Que sejamos
homens e mulheres de espírito reto e atitudes sábias. Saibamos diferir a
sabedoria mundana da sabedoria divina no exercício do ministério que o Senhor
nos delegou. Não precisamos das inserções do curso deste mundo e muitos menos
dos homens sábios do mundo para nos ensinar, mas de homens de Deus, que estejam
dirigidos pela sabedoria do Espírito Santo. Não carecemos de modelos terrenos
para fazer a obra de Deus. Estejamos atentos à sabedoria que vem do alto, pois
esta é cheia de preciosidades e atrativa àqueles que possuem a vocação para o
céu. Esse é um caminho mais excelente...
Shalom... Pr. Croce.
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